“Eu acho que já vi isso antes..” “.. ou algo parecido..”

Esta foi a impressão que a série mais falada do momento, 13 Reasons Why, exclusiva do serviço de streaming Netflix, deixou, ao final dos seus 13 episódios. Sua narrativa, de idas e vindas ao passado, mostrando onde cada uma das “razões” desencadeia os eventos que levaram à protagonista da série a cometer o suicídio, lembra muito filmes como “O Efeito Borboleta”, mas deixa o espectador com a certeza que a personagem principal está morta desde seu início.

Este tipo de narrativa também remete a um jogo que me chamou muita atenção e que dias atrás teve a sua sequência confirmada: Life is Strange.

Hanna, de 13 Reasons Why: decepções e abusos a fizeram desistir de viver.

Life is Strange foi lançado no PlayStation 4, Xbox One, PlayStation 3, Xbox 360 e PC em 2015. O game foi lançado de forma episódica, sendo que o primeiro episódio chegou em Janeiro e o último foi apresentado em Outubro do mesmo ano. A história do game é contada na perspectiva de Maxine Caulfield (Max), uma jovem estudante de artes, em um colégio da cidade de Arcadia Bay, Oregon. O jogo começa com Max tendo uma visão do farol da cidade sendo destruído por um gigante tornado.

Ela acorda de repente na aula de fotografia. Para retomar sua postura, ela decide ir ao banheiro, e logo após fotografar uma misteriosa borboleta azul, ela presencia seu colega de sala Nathan Prescott assassinar uma menina. Com um esforço desesperado, Max inexplicavelmente consegue desacelerar e voltar o tempo, acordando novamente em sua aula de fotografia, pensando que estava tendo um sonho dentro de um sonho. A heroína percebe que os acontecimentos eram idênticos aos de sua visão, e ela percebe que realmente estava viajando no tempo. Ao se dar conta disso, Max corre em direção ao banheiro novamente para tentar salvar a menina que havia sido morta, usando sua recém adquirida habilidade.

Max, de Life is Strange: descobertas que vão mudar sua vida tranquila.

Na verdade, quando adquiri o game, numa promoção da Xbox Live (algo em torno de 15 reais), meu pensamento era não deixar expirar uns créditos que a Microsoft volta e meia dá para seus assinantes, e o game ficou em minha lista de “prontos para instalar” por um bom tempo. Depois de terminar “Quantum Break”, fiquei naquele limbo do “E agora, o que eu jogo?”, então decidi dar uma chance para “esse ‘joguinho’ dessa menininha aqui”. Ledo engano! Jogão! Tanto, que alcançou um feito notável para um game considerado indie, pois foram 3 milhões de cópias vendidas.

Aqueles jogadores que são norteados pela santíssima trindade dos gamers atuais que é: resolução, frames por segundo e gráficos, passam longe do game e consequentemente perdem a oportunidade de jogar um título que tem uma história profunda, emocional e que vai te fazer pensar por alguns dias após terminá-lo, assim como os filmes do diretor Christopher Nolan, “A Origem” e “Interestelar”.

Selena Gomez: inicialmente seria a protagonista de 13 Reasons, mas surpreendeu a todos como produtora executiva da série.

A produção da Netflix, 13 Reasons Why, foi baseada em um livro de 2007, do autor Jay Asher, e foi pensada para ser um filme, com a musa teen Selena Gomez, no papel principal, no entanto, Selena participa da série como produtora executiva.

A série e o game têm muitos fatores em comum em suas tramas, como o relacionamento entre adolescentes, bullying, consumo de álcool e drogas, estrupo e assassinato, regados com os conflitos que atordoam as suas mentes, como descoberta da própria sexualidade e as responsabilidades que vêm em decorrência à proximidade da entrada na vida adulta.

A identificação com os personagens e suas personalidades em ambas histórias, é bem coesa, a não ser que você viva em uma bolha. É impossível não enxergar a si mesmo, lembrar de algum familiar, ou alguma pessoa de seu convívio nos tempos de escola tanto na série como no game.

As trilhas sonoras de “Life” e “13” foram pensadas para dar profundidade emocional à ambas histórias e seus personagens.

Outra coisa que é marcante nas duas produções é o cuidado com a escolha da trilha sonora. Com uma grande mistura de sucessos indie e folk, junto aos momentos intensos, em meio a decisões morais e situações impossíveis de um pessoa normal lidar, foram as músicas muito bem selecionadas que acabaram chamando bastante atenção, pois elas brincam com a consciência de quem está jogando ou assistindo.

No game, as canções de bandas como Alt-J, Mogwai e Syd Matters, aparecem fortalecendo alguns dos melhores momentos de Life is Strange. E em “13”, a mistura da sonoridade indie rock, (como “The Night We Met” de Lord Huron, aquela que toca no baile da escola), com covers pop e clássicos dos anos 80 (prepare-se para The Cure and Joy Division), tornam a trama assustadoramente muito mais memorável.

Clay, de 13 Reasons Why: revelações perturbadoras sobre seus colegas de classe, ao ouvir as fitas cassete deixadas por Hannah.

Enfim, a Dontnod Entertainment anunciou que a equipe responsável por Life is Strange está trabalhando num novo jogo da série, e o mesmo será novamente lançado em parceria com a Square Enix. De momento não foi revelado nada de concreto, a não ser que o novo Life is Strange não estará presente na E3 2017.

Já a Netflix também anunciou que a série 13 Reasons Why vai ter uma segunda temporada, mesmo após várias escolas dos EUA anunciarem um boicote à série e ao livro que deu origem à história; após sete jovens se suicidarem em Mesa County Valley, uma cidade do estado do Colorado, as autoridades acusam a trama de romantizar o suicídio.

O que eu posso afirmar no momento é que a experiência de assistir a série da Netflix e jogar esse game da Dontnod podem afetar a sua percepção das coisas ao seu redor, por abordar assuntos tão polêmicos e ao mesmo tempo tão comuns, mas de uma forma respeitosa, sem exageros. Em tempos de “Baleia Azul”, e uma TV aberta que ao invés de informar, alimenta a “massa histérica” das redes sociais, ambas produções conseguem atingir o seu objetivo, que é promover o diálogo entre as pessoas sobre a depressão, uma doença extremamente destrutiva e íntima, que se não for tratada e levada à sério, pode acabar com a vida das pessoas que a sofrem.

Fica a expectativa curiosa de quais os rumos que as duas produções irão tomar e quando irão chegar para saciar a nossa fome por boas histórias.

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